quarta-feira, 2 de maio de 2012

Sonic And The Black Knight[NTSC]

A adaptação do universo Sonic a um período da era medieval torna-se óbvia, e quase necessária, quando consideramos que parte do sistema de controlos da Wii – mais propriamente o Wiimote – seria em grande parte destoado caso não existisse um eventual acessório nas mãos de Sonic que permitisse estender a experiência à utilização dos sensores de movimento – neste caso a espada. Na verdade até já o vimos funcionar sem o dito acessório, mas The Black Knight apresenta-se como uma tentativa de aprofundar esta vertente, aumentando assim a intensidade dos combates… ou talvez não.

Utilizando como mote a famosa epopeia de Rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda, Sonic cai em Camelot aos tombos, invocado por Merlina como sendo o único salvador desejado para destronar o Rei corrupto, Artur. Alterando de forma propositada o rumo da história, Sonic torna-se o herdeiro da espada Excalibur que o acompanhará ao longo de toda uma aventura que tem como objectivo primordial defrontar o Rei e repor a paz em Camelot. Como já devem ter percebido, o Rei Artur não é o saudoso herói a que estão habituados a ouvir falar nos filmes e contos populares. É um Rei enfeitiçado e o seu propósito é espalhar o mal por Camelot, ajudado pelos também não tão honrosos cavaleiros da távola.

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As batalhas com os velhos rivais acontecem ao bom estilo mano a mano. Em contrapartida, este é um estilo que impinge pouca emoção ao combate.



A aventura principal começa no preciso momento em que Sonic aparece em Camelot caído do céu. Inicialmente irão receber um treino onde serão explicados alguns elementos da nova jogabilidade, principalmente a nível da espada, mas rapidamente se percebe que esta não traz assim tanta variedade ao jogo como seria de esperar. Podem fazer os ditos ataques normais que consistem na movimentação do Wiimote e, com o prorrogar da aventura, irão descobrir um novo ataque especial que se baseia em momentos cinemáticos ao estilo de QTE’s (Quick Time Events). Simplesmente não contém com muito mais do que isto. As missões são apresentadas através de um mapa-mundo onde a acção se desenvolve por vezes recorrendo a missões colaterais.



Existem os tradicionais objectivos onde devem apenas seguir caminho até ao final do nível e existem uma série de outras missões que envolvem acabar o nível em tempo limite, matando um número mínimo de inimigos, distribuindo anéis pela população ou realizando um determinado tipo de ataques. Assim, a história principal vai-se desenvolvendo sem grandes reviravoltas à medida que são apresentadas ao jogador algumas sequências de imagens ou vídeo que visam contar e desenvolver esse mesmo enredo. Com isto, rapidamente se nota que a história peca em imaginação. Não tanto por ser totalmente desinteressante ou não conseguir agarrar o jogador, mas sim pela falta de ambição latente. No seu esplendor, aquilo que vão aproveitar deste jogo dependerá também do facto de serem puristas e fiéis ao usual neste universo ou se estão preparados ou até entusiasmados por ver Sonic e amigos adaptados a uma aventura completamente alternativa.

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A sequência de vídeo inicial é bem mais atraente do que este estilo de imagens explicativas que aparecem ao longo do jogo. Ainda assim, são bem agradáveis do ponto de vista artístico.



Isso é algo bem feito em The Black Knight, pois as personagens foram bem adaptadas e podem então contar com Knuckles e Shadow, entre outros, com um visual a condizer. Na sua maioria, estas personagens irão aparecer como os cavaleiros da Távola Redonda, envergando o estatuto de Boss’s. Ao vence-los irão ficar com as suas espadas mas não será possível usá-las. Aliás, aí reside um dos maiores defeitos do jogo, pois em cada nível podem encontrar uma serie de tesouros que poderão coleccionar e partilhar com amigos via Wi-Fi. A parte estúpida é que estes itens que coleccionam na sua maioria não servem para nada. Alguns deles poderão servir para equipar em Sonic, permitindo que este ganhe defesas em relação a certo tipo de inimigos ou dando-lhe anéis extra, por exemplo. Neste campo parecem existir influências em relação ao estilo RPG, o problema é que tudo parece ter sido feito de forma algo apressada. Com o avançar da aventura poderão adicionalmente criar algumas armas extra com estes tesouros, mas não esperem grande profundidade neste aspecto.



Cada missão que fazem será avaliada com estrelas. As estrelas servirão para desbloquear recompensas ou melhorar o estilo de combate. Adicionalmente podem ainda tentar repetir vezes sem conta cada uma das missões para obter o máximo de seguidores. Tendo em conta que existem inúmeras missões que para nada servem que não “encher chouriças”, The Black Knight revela-se um jogo bastante curto. Em cerca de 4 ou 5 horas podem terminar a aventura principal e o valor de repetição prende-se pela vossa vontade de quererem ou não desbloquear algumas recompensas como desenhos, músicas, informações ou vozes. O sistemas de recompensas é vasto e de interesse relativo, embora o tenha achado um pouco inacessível, muito por força de requerer por vezes prestações, no decorrer da aventura, dificilmente alcançáveis por qualquer jogador. Uma vez que acabem o jogo serão desbloqueadas novas missões e uma prorrogação da história. Esta prorrogação é vista com bons olhos no sentido em que permite estender a história, dando-vos ainda a possibilidade de jogar com os cavaleiros da Távola. Pena que isto aconteça já tão tarde.





Por outro lado, pelo ponto de vista da diversão que daqui vão obter, simplesmente esqueçam as novas missões. A história dá uma reviravolta ridiculamente forçada e tudo o que traz de bom são coisas que deveriam estar disponíveis desde o início do jogo. Estas missões que são no jogo descritas como sendo dedicadas aos DieHard’s apenas podem oferecer uma boa dose de frustração. São missões que apresentam multidões de inimigos, fazendo com que a certa altura a utilização da espada seja fútil ao ponto de apenas vos fazer abanar o braço a tempo inteiro como se tivessem com um qualquer tipo doença degenerativa. Quase que se torna um jogo lento ao estilo Hack and Slash, e isto corrói a experiência a cada nível que avançam.



Enquanto vagueiam de forma lenta os comandos mostram-se extremamente duros e pouco precisos. Por vezes o melhor é mesmo só andar em frente sem carregar em nenhum botão (ou apenas saltar). Por outro lado, tal como seria de esperar, em momentos de velocidade o jogo funciona bem. Aliás, quase sempre funciona bem em velocidade, a Sonic Team é que parece ainda não ter percebido que se gostamos de Sonic é pela velocidade.

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Esta é a interface apreciativa das vossas prestações durante os níveis. As estrelas dão acesso a recompensas e permitem melhorar técnicas de combate. Da mesma forma podem tentar ganhar todos os seguidores. Pena os objectivos serem tão absurdos.



O jogo desenvolve-se quase na sua totalidade através de uma perspectiva vista por detrás e cada vez que existe uma tentativa de o fazer na lateral simplesmente é borrada a pintura. Se considerarem as primeiras horas de jogo que se referem ao, digamos assim, objectivo principal, conseguem tirar daqui algum proveito e com o desenvolvimento inicial da história serão capazes até de continuar a ambicionar por um pouco mais, nem que seja para ver o seu desfecho, pois a nível de variedade de armas ou truques pouco ou nada vão encontrar. A prorrogação final simplesmente apresenta uma série de missões e elementos que não se adequam ao estilo de jogo anteriormente mencionado.



Contudo, ao longo de toda a aventura poderão apreciar um jogo atractivo do ponto de vista visual, apresentando cenários variados e bem detalhados. Existem níveis particularmente bem feitos, nomeadamente aqueles em que atravessam vastos campos verdes ou até mesmo alguns na parte final do jogo com o cenário já em destruição. A experiência em si é agradável do ponto de vista visual e a banda sonora também não destoa. Sonic continua irreverente e as suas falas são atraentes principalmente para os fãs que sabem bem o que esperar do ouriço azul. Mas mesmo neste campo o jogo não está livre de falhas. Quando começaram a jogar com as personagens desbloqueadas, irão ver que ocasionalmente as falas destas pertencem a Sonic (a voz inclusive).

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O modo multijogador permite jogar de forma competitiva ou cooperativa com amigos lá de casa. Existem alguns modos de jogo e personagens para escolher. É uma pena não se poder jogar Online.



Existem inúmeras coisas que denotam um desenvolvimento apressado ou que simplesmente deixam a ideia de que mais poderia ter sido feito. Uma delas é o modo multijogador offline que teria sido bem mais interessante visto de uma forma competitiva Online. Em multijogador poderão colocar em confronto 4 amigos na mesma consola, lutando em ringues quadráticos com o objectivo de matar o número máximo de inimigos ou simplesmente batalhando para sobreviver. Mais uma vez, o problema volta a ser a acção lenta visto que os cenários são algo ao estilo do que se via em jogos como Crash Bash – pequenos. Isto remete-nos novamente para a falta de precisão dos comandos enquanto caminham lentamente. Adicionalmente, ao longo do jogo poderão desbloquear algumas missões que podem ser completadas de modo a que os vossos resultados figurem nas tabelas mundiais Online.



Sonic and The Black Knight é essencialmente prejudicado por utilizar ocasionalmente escolhas erráticas que apenas coroem a experiência ou, por vezes, lhe retiram grande parte do interesse. Existem algumas falhas na jogabilidade, mas a pior de todas é a falta de variedade ao longo da aventura, nomeadamente no que toca à premissa do uso da espada. Se são grandes fãs da série, poderão encontrar aqui um produto a considerar no caso de estarem à procura de uma experiência alternativa. O enquadramento das personagens, a forma como são apresentadas e algumas das suas falas poderão ser o bastante para agradar os fãs. A quantidade de desbloqueáveis e alguns modos de jogo são também factores a ter em conta. Simplesmente existem aqui escolhas que se antigamente não funcionavam, neste formato ainda menos o fazem. Fica a ideia de que morre na praia um jogo com condições para vingar.

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